A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, está a enfrentar uma onda de contestação depois de ser vista num vídeo a dançar twerk numa festa particular.
Nesta filmagem, que se acredita ter sido tirada das redes sociais, ela e uns amigos, incluindo algumas celebridades finlandesas, são vistos a dançar e a cantar num ambiente festivo.
Sanna Marin debate-se agora com críticas por parte dos partidos da oposição finlandesa, tendo inclusive o líder da oposição exigido que ela fizesse um teste de despistagem de drogas, o que veio a suceder.
A primeira-ministra finlandesa, de 36 anos, já veio entretanto a negar usar drogas, dizendo que só bebia álcool e apenas festejava "de forma ruidosa".
Até há pouco a chefe de governo mais jovem do mundo - um record que agora pertence ao presidente chileno Gabriel Boric - Sanna Marin, não faz qualquer segredo de que gosta de socializar e de ir a festas, tendo, inclusivamente, sido já fotografada em festivais de música.
No ano passado, ela protagonizou um incidente ao ter ido a uma discoteca depois de ter estado em contacto próximo com uma pessoa infectada com o vírus do Covid-19. Acabou por apresentar um pedido público de desculpas.
As "perguntinhas" que conviria colocar às mentes mais retrogradas e obstusas são a seguintes: que ilegalidade terá cometido Sanna Marin ao dançar twerk numa festa particular com uns amigos? uma primeiro-ministro (não quero crer que seja pelo facto de ser mulher) tem os seus direitos civis suspensos enquanto chefiar o governo? já é ilegal para os detentores de cargos politicos consumir, ainda que moderadamente, álcool? quando é que a Sharia entrou em vigor na Finlândia?
Salvo melhor opinião, a cultura ocidental, aquela que se dizia herdeira dos princípios da Segunda República Francesa, de 27 de fevereiro de 1848, cujo lema era “Liberté, Égalité et Fraternité”, parece ter sucumbido ao populismo, ao voto do protesto fácil, ao politicamente correcto, à intolerância e á xenofobia.
Em suma, tornamo-nos uns chatos...
Os nossos líderes deveriam estar à altura da missão e fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para concretizarem os anseios dos europeus e afastar os radicalismos, que em nada ajudam à proteção dos valores ocidentais, só que preferem andar atrás de agendas eleitoralistas, em nada condicentes com desígnios nacionais e o bem-estar das suas populações.
As visões fortes, completas e verdadeiramente europeias de Helmut Kohl, Helmut Schmidt, Simone Veil, Jacques Delors, Winston Churchill, Charles de Gaulle, Louise Weiss ou até Angela Merkel foram, entretanto, vem sendo substituídas, salvo melhor opinião, por líderes fracos e impreparados para liderar o projecto da Europa, tais como David Cameron, François Hollande, Emmanuel Macron, Mark Rutte, Durão Barroso ou António Costa ou então iníquos como Boris de Pfeffel Johnson ou Viktor Orbán.
O mundo está a mudar rapidamente e nós, europeus, estamos em estado de negação, ainda agarrados a um ideal utópico de sociedade que já não existe.
Impõe-se, urgentemente, uma profunda reflexão porque a história, essa, não vai ficar à nossa espera enquanto contemporizamos com o movimento “woke” ou com o politicamente correto...
Sempre recorri aos clássicos para me ajudarem a enquadrar o mundo e porque os considero auxiliares imprescindíveis para perceber a realidade... até porque de governantes fracos e hesitantes já tivemos alguns exemplos ao longo da História!
“Que um fraco Rei faz fraca a forte gente”
"Os Lusíadas” Canto III, Estrofe 138 de Luís Vaz de Camões