Tenho por hábito, todas as manhãs, fazer uma ronda pela revista de imprensa nacional e internacional. Não tenho pretensões a ser tão culto e nem tão informado como sua Excelência o Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que sabe discorrer sobre temas tão díspares e interessantes como a cedência, por empréstimo, pelo Granada ao Paços de Ferreira, até ao final da temporada, do jogador Adrián Butzke ou então do facto da Senhora Cristina Ferreira ter anunciado Urbi et Orbi, na sua rede social Instagram, a sua "decisão de última hora: Vou começar a comer saudável.”... bom para ela!
Contento-me com assuntos mais triviais, temas mais light, dignos de revistas “del corazón”, assim do tipo;
A leitura dos comentários à entrevista tensa, pour dire la moindre des choses, de Jair Bolsonaro aos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, transmitida, ontem à noite, na TV Globo, onde o candidato presidencial passou 40 minutos a tentar defender os últimos e polémicos quatro anos da sua governação.
Ou então a manchete de um determinado jornal sensacionalista, que surge com “Piloto (espanhol) recusa combater incêndio em Ourém com medo do vento" e em subtítulo "Operacional espanhol fica em terra quando outros vão combater as chamas";
Em abono da verdade, o piloto do helicóptero estacionado no heliporto dos Bombeiros Voluntários de Pernes, em Santarém, recusou levantar voo duas vezes esta última quinta-feira, dia 18 de agosto;
A situação foi reportada à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) pelo Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém, confirmou o comandante David Lobato;
Conviria esclarecer a luminária que escreveu a manchete, que quando o vento está muito forte para um helicóptero descolar em condições mínimas de segurança existem normas imperativas a cumprir e que pilotar aeronaves de combate a incêndio é uma actividade extremamente perigosa, que implica o risco da própria vida do piloto, bem como de quem eles transportam a bordo;
Já escrever manchetes como esta, no laptop, seguramente num ambiente com ar condicionado, longe das chamas, enquanto se bebe um Nespresso, implicará (quando muito) partir a unha do dedo mindinho... haja pachorra!
Last but surely not the least lemos hoje este título chocante (ou talvez não) “TAP fecha primeiro semestre com prejuízos de 202 milhões de euros” ...
Ficamos, hoje, a saber pela comunicação social que a TAP registou prejuízos de 202 milhões de euros até junho ‘22. Só no segundo trimestre deste exercício, as perdas ascenderam aos 80 milhões de euros. Mais, a empresa cancelou preventivamente 156 voos em agosto;
Óbvio que ninguém, nem mesmo o governo socialista português, poderia prever, em 2015, a pandemia do SARS-CoV-2, nem o impacto negativo que o Covid-19 traria para a economia mundial e para a aviação comercial em particular, nem tão pouco conter os ímpetos imperialistas do Gaspadin Vladimir Putin que, com o falso pretexto da "manutenção da paz" nos territórios separatistas pró-russos do Donetsk e de Lugansk, na região de Donbass, no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes, fez com que violasse a integridade e a soberania dum outro país;
Contudo, o Senhor primeiro-ministro, Dr. António Costa, já é responsável pela reversão da privatização da TAP, que aliás foi uma das bandeiras assumidas pelo seu primeiro Governo, inaugurando um período conturbado na companhia aérea, marcado por greves, problemas operacionais, mudança da gestão e uma polémica atribuição de prémios. Também é da sua inteira responsabilidade a nomeação do Senhor ministro das Infraestruturas e da Habitação de Portugal, Dr. Pedro Nuno Santos, que me abstenho de comentar mais uma vez aqui e como disse (e muito bem) “compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa.”;
Finalmente, consultadas as contas do Grupo TAP S.A, depositadas na CMVM, no dia 11 de abril de 2022, verifica-se haver um total do passivo de € 5.186,1M. Apesar disso o Estado Português optou por continuar, durante décadas, a afectar recursos financeiros (já de si escassos) a este “buraco negro”, onde não há paz social, que acabou de perder 18 slots para a Easyjet, onde o valor das passagens é caríssimo, logo é facilmente batida pela concorrência ...
Como sou bronco, ficaria grato que, finalmente, alguém me explicasse o que é isso da vantagem de “termos uma companhia de bandeira”?