Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que não nos para de surpreender. Infelizmente, diria eu, talvez não pelos melhores motivos!
A visita da líder do Congresso dos Estados Unidos a Taiwan irritou de tal maneira Pequim que a China anunciou, ontem, sexta-feira, que irá parar a cooperação com os norte-americanos sobre uma série de dossiers, entre os quais as alterações climáticas.
Esta crise que, foi desencadeada com a viagem da speaker norte-americana Nancy Pelosi a Taiwan, ainda não gerou quaisquer reações por parte da diplomacia portuguesa, muito menos por parte de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República Português.
Afinal, falamos (só) da visita da presidente da Câmara dos Representantes, a terceira figura do Estado nos EUA e que deu (já) origem a retaliações económicas e militares sem precedentes por parte da China, como o bloqueio de importações, a realização de exercícios aeronavais e o disparo de cinco mísseis balísticos contra a zona económica exclusiva do Japão...
Nada disto tem, nem de perto nem de longe, a importância de uns insultos racistas proferidos, num restaurante da Costa da Caparica, por uma mulher alegadamente alcoolizada contra os filhos de um casal do jet-set brasileiro que se encontra a passar férias cá na “Terrinha”, como é por demais evidente!
No primeiro caso, Portugal usa do seu “soft power” que é como quem diz “baixa a bola porque o guarda-redes é anão” e sempre tem afirmado “apoio à posição chinesa na questão de Taiwan”, logo, vai continuar sem comentar a tensão entre o aliado transatlântico e o parceiro oriental, porque Portugal tem vindo a aprofundar asrelações com a China, sobretudo depois da crise financeira de 2008, quando os chineses reforçaram os investimentos em grandes empresas portuguesas do sector da energia, na banca, nos seguros e na saúde. Quando o Presidente Xi Jinping visitou Portugal, em dezembro de 2018, os dois Estados assinaram uma "Declaração Conjunta” para o “Reforço da Parceria Estratégica Global”, onde Portugal “reafirmou a continuada adesão ao princípio de ‘Uma só China’, bem como o apoio à posição chinesa sobre a questão de Taiwan. A China manifestou então "apreço por este apoio”, pode ler-se nesse documento.
Aliás, num comunicado divulgado já esta semana, pelo Embaixador da República Popular da China em Lisboa, Senhor Zhao Bentang, o facto de Portugal “ter insistido sempre na ideia de uma só política chinesa”, foi realçado, o que “permitiu a criação de uma base muito sólida para as relações bilaterais”.
Mas, isso que importa comparado com o outro caso, o tal que fez com que o Presidente da República Portuguesa comentasse um caso de polícia ocorrido na Costa da Caparica ou "qui çá", com alguma sorte, hoje, a goleada do Glorioso por 4-0 sobre o Arouca...
Já dizia John Foster Dulles, Ex-secretário de estado dos Estados Unidos “Não há países amigos, mas interesses comuns”...