Como bem destacava, ainda há poucas semanas, a Senhora ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Dra. Ana Catarina Mendes, a propósito da proposta que visa alterar a lei dos estrangeiros, que tais mudanças honram "as relações históricas com os países da CPLP" e que são absolutamente fundamentais (na óptica do governo) "na organização dos fluxos regulares, seguros e ordenados de migrações, assim como o combate à imigração ilegal e ao tráfico de seres humanos".
Fiquei agradavelmente surpreendido, há que reconhecê-lo, porque não sabia que a Senhora ministra comungava dos princípios plasmados em “Émile, ou De l’éducation” de Jean-Jacques Rousseau, que ao abordar temas políticos e filosóficos referentes à relação do indivíduo com a sociedade, no caso concreto explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural (Rousseau sustentava que o homem não era mau por natureza), enquanto participa de uma sociedade inevitavelmente corrupta. Bem-haja por isso, Dra. Ana Catarina Mendes.
Nunca é por demais recordar que Portugal consta como sendo o sexto país mais seguro do mundo e o quinto da Europa, segundo o Global Peace Index 2022, numa lista que avalia 163 países, isto apesar de ter descido uma (1) posição este ano, atribuível segundo os responsáveis deste estudo a “um ligeiro aumento na instabilidade política” e a “uma maior taxa de detenções”, ou seja, Portugal mantém-se no topo dos países mais seguros do mundo.
Salvo melhor opinião, tal facto não se deve, seguramente, - e apesar de eu ser católico - somente à Obra e Graça do Divino Espírito Santo.
Só a título meramente comparativo, em termos de paz e segurança, refiro que países como a República Federativa do Brasil ficou em 130º; a República de Moçambique em 122º; a República da Guiné-Bissau em 110º; Timor-Leste em 54º; e a República de Angola em 78º...
O Global Peace Index, actualmente já na sua 16ª edição, faz uma análise sobre as tendências da paz, do valor económico e como desenvolver sociedades pacíficas, usando 23 (vinte e três) indicadores qualitativos e quantitativos em três domínios diferentes, a saber, o nível de segurança e de proteção social, a dimensão do conflito doméstico e do internacional em curso, bem como qual o grau de militarização.
Não pretendo pronunciar-me, hoje, sobre as eleições em Angola que terminaram com alguns eleitores a gritarem pelo paradeiro das actas e com festejos nos subúrbios de Luanda dos apoiantes da UNITA. Contudo, os primeiros resultados provisórios apontam para uma vantagem do MPLA, quando já há 86,41% dos votos contabilizados.
Essa análise ficará, garantidamente, para um outro dia, quando já houver resultados definitivos.
Hoje queria (só) comentar os ânimos exaltados e os desacatos ocorridos, no início da noite de ontem, em Lisboa, frente ao Consulado-Geral de Angola.
Um grupo de manifestantes reuniu-se frente ao Consulado, localizado em Alcântara, alegando ter havido eleitores impedidos de votar à distância, nestas eleições que decorreram, esta quarta-feira, em Angola.
A Polícia de Segurança Publica foi acionada porque, depois do fecho das urnas, alguns desses tais manifestantes exaltaram-se e chegaram mesmo a deitar-se no chão, recusando-se a abandonar o local do protesto.
Vários dos envolvidos exigiam também ser recebidos pela cônsul-geral, a Senhora embaixadora Vicência Morais de Brito.
Até aqui tudo bem! Em Portugal vive-se em democracia, pelo que todas as pessoas têm todo o direito a manifestar a sua indignação e não estão impedidas de expressar a opinião (dentro dos limites consagrados na lei).
Contudo, pelos vídeos que já circulam nas redes sociais, as coisas rapidamente descambaram!
Vê-se alguns cidadãos angolanos a insultar Portugal, bem como os agentes da Polícia de Segurança Publica, que tratavam com toda a cordialidade os energúmenos. O mais caricato é eles acharem que os policias portugueses tinham corresponsabilidade no acto eleitoral angolano que estava a decorrer... foi só confrangedor!
Acresce ainda o facto de, sendo a República Angolana um país independente, desde o dia 11 de novembro de 1975, logo há quase 47 anos, já vai sendo tempo de ultrapassar os traumas da guerra da independência... ou então, em alternativa, se não sabem lidar com os traumas decorrentes da história da sua autodeterminação, sugiro outros destinos de emigração, tipo a República Popular da China ou então a Federação Russa...
De acordo com a mais recente avaliação disponibilizada pelo Banco Mundial, Angola é um país cujo rendimento anual médio-alto varia entre os US$ 3.956 e os 12.235 'per capita' e o nível médio-baixo se situa entre os US$ 1.006 e 3.955 dólares por habitante.
Po' troppo, já vão rareando as elites do MPLA que, apesar da existência do mercado Roque Santeiro em Luanda, não se coibiam de fazer compras nas boutiques de luxo da Prada, Armani, Louis Vuitton e Rolex da Avenida da Liberdade, em Lisboa, ou de comprar imóveis em Cascais, passear de Porsche ou Ferrari ou adquirir participações sociais na banca ou em empresas de sectores estratégicos portugueses ou então de misturar Seven Up no Barca Velha, seguramente para dar um sabor mais a sangria...
Mas, voltando aos ditos incidentes, a Polícia de Segurança Pública emitiu, hoje de manhã, um comunicado sobre os confrontos desta madrugada junto ao Consulado de Angola em Lisboa, onde dá conta que um agente teve de ser assistido no hospital, com ferimentos na cabeça, e que vários carros estacionados nas imediações ficaram danificados pelo arremesso de pedras e outros objectos.
A PSP esclarece que, após ter acompanhado ao longo do dia o acto eleitoral no exterior do edifício que serve de sede ao Consulado angolano em Lisboa, depois do encerramento das urnas, teve de reforçar o efetivo “por se manter um elevado número de pessoas no exterior”.
Ainda segundo o comunicado da PSP, quando a polícia se apercebeu que vários dos manifestantes angolanos, que se concentraram na via pública e “adotaram um comportamento hostil, com arremesso de pedras e diversos objetos”, optou por empregar “uma vaga de dispersão com uso da força".
Ainda vamos ouvir uma dessas associações, tipo “SOS Racismo” ou então o Senhor Doutor Mamadou Ba, acusar as forças de segurança portuguesas de terem empregue uso excessivo de força ou de serem xenófobas e racistas... a ver vamos!