O DIA DA VERGONHA

Ontem, domingo, 8 de Janeiro de 2023 será o dia que entrará para a História do Brasil como o “dia da Vergonha” pelo facto de manifestantes apoiantes de Bolsonaro terem invadido, vandalizado e pilhado o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, sedes respectivamente dos poderes legislativo, executivo e do judicial brasileiro.

A invasão aconteceu na sequência de um protesto violento que decorria na Esplanada dos Ministérios, na capital Brasília (DF).

O presidente Lula da Silva acabaria por decretar, entretanto, a intervenção federal e cerca de 400 pessoas já foram detidas em flagrante.

O ex-presidente Jair Bolsonaro demarcou-se das invasões aos edifícios públicos em Brasília feitas este domingo pelos seus apoiantes e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques, contudo sem nunca os condenar explicitamente.

A insurreição violenta de ontem foi um ataque à própria democracia brasileira, foi uma tentativa para silenciar as vozes de milhões de eleitores, incluindo um número recorde de eleitores negros que votaram decisivamente nas eleições de 2022.

Penso que urge agora apurar responsabilidades, por forma a identificar os responsáveis que queriam transformar o que deveria ter sido o início de um mandato presidencial num verdadeiro caos.

Este domingo, dia 8 de janeiro, também se assistiu a uma estranha passividade por parte de muitos elementos da Polícia Militar do Distrito Federal, que não só não actuavam no sentido de tentar impedir a vandalização dos edifícios federais, como ainda conversavam calmamente com os insurrectos e até tiravam selfies com alguns deles!?

Bolsonaro e os seus apoiantes continuam a perpetuar a “grande alucinação” a qual serviu de rastilho aos ataques de ontem e que infelizmente, se não for abordada, custará aos brasileiros ainda mais dissabores no futuro.

Estes actores políticos distorcem a realidade e a verdade de forma irresponsável e intencional para proveito próprio e para criara instabilidade no Brasil. A cada semana que passa a sua covardia é por demais evidente.

Temo que o triste legado do ataque de, ontem, dia 8 de janeiro, às sedes dos três poderes no Distrito Federal, vá permanecer vivo na memoria de todos enquanto houver insurgentes que tentem silenciar aquela que foi a decisão dos eleitores brasileiros ao subverter o processo democrático.