“NÃO TENHO CULPA DE TER NASCIDO EM PORTUGAL, E EXIJO UMA PÁTRIA QUE ME MEREÇA”

Mestre Almada Negreiros

Enquanto uns comem gelados, outros há que esperam, com ar trocista, telefonemas que nunca hão de receber, entretanto o país assiste atónito a uma ópera-bufa de 3ª categoria...

Porém, antes que alguém venha recordar-me que Portugal foi o país que mais cresceu na União Europeia no primeiro trimestre de 2023, com uma evolução do PIB de 1,6% (uma taxa anémica, há que o reconhecer), convirá talvez lembrar, só para citar um ou dois casos, que Portugal é o sexto membro da UE que já recebeu mais verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), num total de 5,14 mil milhões de euros e que apenas executou 17%, ou então que a TAP não irá devolver os 3,2 mil milhões de euros de fundos públicos, ou seja, nenhum do dinheiro dos contribuintes portugueses que o plano de reestruturação gizado pelo governo do Dr. António Costa nos custou a todos nós desde 2021 para cá... não são tudo óptimas noticias?

Assumo que perspetivo - há muito - uma afirmação de uma estratégia baseada na optimização de um recurso económico, político e culturalmente relevante, voltada para o oceano atlântico. Contudo, tudo dependeria da construção das capacidades e das valências portuguesas dentro de um quadro de segurança-estratégica, da potencialização do aproveitamento multidimensional dos recursos e esse processo implicaria o reforço e a valorização das actividades marítimas, isto é, uma definição adequada de políticas económicas potenciadoras do desenvolvimento nacional e uma eficaz defesa dos interesses geopolíticos fundamentais do nosso País. Por outras palavras, nada disto se compadece nem com gelados ao fim da tarde, nem com bicicletas arremessadas contra vitrines de ministérios!

O que se tem feito em Portugal nos últimos anos é simplesmente vergonhoso!

Entretanto, reconheço o quanto tinha razão Mestre Almada Negreiros quando escreveu “Não tenho culpa de ter nascido em Portugal, e exijo uma pátria que me mereça”.