Então não é que o Senhor primeiro-ministro, Dr. António Costa, em entrevista exclusiva à revista 'Visão', avisou (democraticamente) a oposição que “vão ser (mais) quatro anos, habituem-se!” aproveitando ainda para fazer um balanço daquilo que ele adjectivou de “nove meses de inferno e correria”.
Não tendo, manifestamente, nem a mesma capacidade intelectual, nem tão pouco partilhando da mesma visão politico-filosófica para o país que o líder do Partido Socialista, foi esse o motivo pelo qual, hoje, eu coloquei nas minhas redes sociais a seguinte “blague”:
“Quand quelqu'un évalue mon bagage culturel, je ne comprends pas pourquoi tout le monde me dit que j'aime voyager léger”
Confesso-me por isso um pouco confuso! Então não foi o Dr. António Costa que acabou com a ”geringonça” - e ainda bem, acrescente-se - há apenas um (1) ano porque, segundo ele, tinha a melhor proposta - deste mundo e do outro - de Orçamento de Estado para 2022?
NB: Afinal, parece que a tal proposta do dito continha uns pequenos erros de previsão. Faltavam uns meros € 120 milhões de euros no lado da despesa, motivados pelos aumentos (para variar) à função publica. Mas, “Errare humanum est, perseverare autem diabolicum”...
Depois, o eleitorado (como todos sabemos) conferiu-lhe uma maioria absoluta na Assembleia da República, em Janeiro pp, e ainda por cima dispôs sempre do apoio do Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, o qual, quando não está a dizer atoardas, mais parece um militante do Largo do Rato...
Mesmo assim, com todas estas condições favoráveis à governação, o Senhor primeiro-ministro consegue a incrível façanha - a confirmarem-se as mais recentes previsões de Outono da Comissão Europeia – que apontam que 2024 ficará para a história como o ano em que a Roménia, outrora o mais pobre dos atuais 27 Estados-membros - como ultrapassando Portugal no ranking de desenvolvimento económico da União Europeia.
(PALMAS)
Os romenos deverão ascender ao 19.º lugar deste ranking, com o PIB per capita a convergir para 79% da média europeia. Já os portugueses voltarão a cair, para 20.º lugar, com um PIB per capita equivalente a 78,8% da média europeia e com húngaros e os polacos ali “mesmo nos nossos calcanhares”...
Entre os actuais 27 Estados-membros, Portugal, que ocupava a 17ª posição em 2015 (ano em que o Dr. António Costa habilidosamente “tirou" o poder ao Dr. Passos Coelho), caiu para a 21ª posição em 2021... ele há cada coincidência!
Importa também aqui salientar que, em 2001, havia 13 países que ainda não eram membros da União Europeia. Isto porque apenas em 2004 é que entraram na UE o Chipre, a Eslováquia, a Eslovénia, a Estónia, a Hungria, a Letónia, a Lituânia, Malta, a Polónia e a República Checa. Por sua vez, a Bulgária e a Roménia passaram a integrar a União Europeia somente em 2007 e a Croácia só avançou em 2013.
Em 2021, Portugal caiu para a 21.ª posição do ranking do PIB per capita (em PPC), tendo sido ultrapassado por seis (6) países na comparação direta com 2001; a saber; a Eslovénia (14.ª posição), Malta (11.ª posição), a República Checa (13.ª posição), a Hungria (20.ª posição), a Polónia (19.ª posição) e a Lituânia (15.ª posição).
Não é fantástico?
Apesar de todos estes países também terem sido atingidos pelo SARS-CoV-2; de também terem sofrido com os impactos negativos do Brexit e, tal como nós, terem apanhado (se não mais) com a crise energética provocada pela crise na Ucrânia o crescimento económico neles é uma realidade.
Ao passo que cá estagnamos! Mais, há um envelhecimento demográfico! Mas, o que nos distingue dos demais parceiros europeus?
Será o facto de termos tido o Partido Socialista a governar 2/3 dos 48 anos que levamos de democracia, mas mesmo assim ter conseguido a façanha de ter levado Portugal à bancarrota por três (3) vezes. A primeira foi em 1977, depois seguiu-se 1983, por fim em 2011 e mesmo assim o eleitorado insiste não só a votar no PS, como a dar-lhe maiorias absolutas?
Será pelo facto de termos o Senhor Mário Nogueira da FENPROF a marcar greves sempre às sextas-feiras?
Ou por Portugal ter os médicos especialistas (que levam em média cerca de 14 anos a formar) com os salários mais baixos da União Europeia em paridade do poder de compra (PPC SUS) e depois aindo nos admirarmos porque é que temos falta de especialistas no SNS ou porque é que os serviços de urgências de vários hospitais, em todo o pais, encerram?
Em conclusão, o país acha mais importante preocupar-se com o futuro da carreira do Cristiano Ronaldo, com as críticas da Kátia Aveiro à gestão do plantel da seleção nacional no Qatar pelo Mister Fernando Santos ou com as Galas de domingo do “Big Brother”, apresentadas pela Dona Cristina Ferreira do que a forma como somos governados. Até porque, cá para mim, para variar, a culpa deste estado de coisas só pode ser do Dr. Passos Coelho...