Eu que sou católico e tenho uma participação activa na minha Paróquia, logo não sou daqueles que se autoproclamam católicos “não praticantes”, mas no que concerne ao orçamento tornado público para construção do tal do altar-palco para a Jornada Mundial da Juventude de 2023, obviamente que considero um perfeito absurdo gastar-se € 4,2M naquela estrutura, sobretudo numa altura de crise como esta que o país atravessa.
Contudo, também acho que se faz muito ruído…
O português é muito do “agarrem-me senão vou-me a ele” e então quando é para implicar com a Igreja Católica ainda melhor, já com os muçulmanos a coisa “pia mais fininho” ... porque todos ainda tem bem presente o massacre do Charlie Hebdo!!!
De todas estas “virgens ofendidas”, que agora rasgam as vestes quais fariseus, a propósito do valor do dito do altar, argumentando coisas tão incríveis, tais como a laicidade do Estado ou como o facto de fulano ou sicrano serem ateus ou agnósticos donde não concordarem que “os seus impostos” sejam afectos a um evento de cunho católico...
Estes ditos irão ser, seguramente, laureados com o Prémio Nobel do Humor, uma nova Categoria que a Academia Sueca acaba de criar...
Seguindo essa linha de raciocínio, brilhante (?), diga-se, eu também não gostaria ver os “meus impostos” afectos a despesas com (má) educação, porque já não tenho filhos em idade escolar; nem que mais "um cêntimo meu" vá para a TAP, porque não só já não viajo nesta companhia, como até tenho um filho meu que trabalha para a concorrência; e também não quero que se pague nem mais um euro do “meu dinheiro” em indemnizações milionárias a gestores públicos” e por aí vai...
Agora, num tom um pouco mais sério, conviria não esquecer que as Jornadas Mundiais da Juventude eram para ser realizadas em 2019. Só que, entretanto, houve uma pandemia do SARS-CoV-2 e estas tiveram de ser adiadas. Mas, o evento já estava orçamentado e nada ainda havia sido projectado. Na altura quem era o Presidente da Câmara de Lisboa era o senhor Dr. Fernando Medina, que por acaso agora é o ministro das Finanças de Portugal; o mesmo que também enviou, por e-mail, os nomes, moradas e outros dados pessoais de três organizadores de uma manifestação anti-Putin à embaixada russa em Lisboa e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia; o mesmo das indemnizações milionárias da TAP, companhia da qual a própria mulher era a Directora Jurídica, mas que depois (também para variar) nunca sabe de nada.
Já não vou sequer mencionar que a realização da JMJ 2023 em Lisboa resulta de uma candidatura apresentada pelo Patriarcado de Lisboa à Santa Sé, proposta secundada pelo Governo português do senhor Dr. António Costa e pela Câmara de Lisboa, à data do Edil, Dr. Fernando Medina, que desde o início se comprometeram a cobrir parte dos custos do evento, e que deverá atrair cerca de 1,5 milhões de jovens a Portugal. E esta polémica surge (sem querer entrar em teorias da conspiração) quando tanto a Câmara de Lisboa como a de Loures (também envolvida no evento) mudaram de mãos nas últimas eleições autárquicas, já depois de o compromisso com a JMJ 2023 ter sido assumido...
«No creo en brujas, pero que las hay, las hay»
Também dá jeito zurzir agora na Igreja Católica sobre o valor do palco, porque assim “passa pelos pingos da chuva” o facto dos trinta e sete (37) tanques Leopard 2 A6 que Portugal possui estarem inoperacionais. Apenas uma minoria (aparentemente só dois (2) está completamente funcional). Logo, Portugal avalia, arranjar mais dois (2) para poder enviar quatro (4) tanques para a Ucrânia...
Just saying...
A pergunta que nos devemos colocar - com toda a franqueza - é a seguinte: tirando o nepotismo, o favorecimento, as “cunhas” e a corrupção, ao fim de 48 anos de democracia, afinal o que é que funciona com eficiência em Portugal?