A ministra da Saúde, Doutora Marta Temido, pediu a demissão do cargo esta madrugada, considerando que "deixou de ter condições para se manter no cargo", segundo uma nota do Ministério da Saúde enviada às redações.
A demissão foi aceite de imediato pelo primeiro-ministro, Dr. António Costa.
Salvo melhor opinião, aliás corroborada por grande parte dos profissionais do sector da Saúde, esta saída não só era inevitável, como expectável, pecando apenas por tardia.
Fonte próxima do gabinete do Dr. António Costa indica que a substituição da ministra da Saúde "não será rápida", uma vez que o Governo estará focado, nos próximos tempos, na preparação do Conselho de Ministros extraordinário da próxima semana para aprovar o pacote de apoio às famílias.
Não vou aqui elencar os inúmeros "casos” que foi acumulando durante os sete anos em que a Doutora Marta Temido, nos três governos liderados pelo Dr. António Costa, esteve à frente da pasta; tais como o “braço de ferro” com a Senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco; as deprimentes conferências de imprensa diárias, com a Senhora Diretora-Geral da Saúde, Dra. Graça Freitas, durante a pandemia do Covid-19; o fiasco que estava a ser a campanha de vacinação contra a SARS-CoV-2 até passar a ser liderada pelo Senhor Almirante Gouveia e Melo; as demissões em catadupa de Diretores de Serviço no SNS um pouco por todo o País; a carta aberta dos internos a avisá-la que iam pedir escusa de responsabilidade sempre que estivessem destacados para urgências e quando as escalas não cumprissem os regulamentos; as listas intermináveis de espera para cirurgias e para consultas de especialidade; os concursos desertos para especialidades para Centros de Saúde; a fuga de médicos do SNS para o sector privado ou (pior) para o estrangeiro, etc, etc, etc.
Também não me vou pronunciar sobre as reações a esta notícia, nomeadamente a do Dr. Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) que disse que falta agora saber se a saída da Doutora Marta Temido se deve "ao facto de já não ter alternativas para resolver os graves problemas da saúde em Portugal" ou se deve ao facto de o Governo não ter dado "condições para executar as medidas estruturais que eventualmente poderia querer fazer no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
O Bastonário da Ordem dos Médicos tem esperança de que o próximo ministro "faça acontecer e que resolva os problemas que afetam a saúde em Portugal e que de uma forma transversal afetam todos os portugueses” ... espera ele e esperamos todos nós!
Contudo, há que dizê-lo claramente, a Doutora Marta Temido, apesar de ter sido a titular da pasta da Saúde nos últimos sete (7) anos, não pode ser a única responsável pelo estado de degradação a que este sector chegou. Nada disso!
Primeiro temos o Senhor primeiro-ministro, Dr. António Costa, que, ainda há dias, mais exactamente a 28 de julho pp, a propósito de um outro triste episódio no seio do seu governo, recordava (e bem) a senhora ministra da Presidência, Dra. Mariana Vieira da Silva, que "Não houve nenhuma alteração na orgânica do Governo nem no que diz respeito às funções e responsabilidades de cada um dos ministros, nem no que diz respeito às funções de coordenação transversal que o primeiro-ministro tem sobre o Governo”. Logo, o primeiro-ministro tem a responsabilidade última por todo este caos que se está a passar no Serviço Nacional de Saúde.
Trata-se de um dos métodos mais antigos e, porque não dizê-lo, também irritantes da perpetuação dos vícios que corrompem o nosso sistema político que é a utilização do método do "bode expiatório" para entregar à fúria da multidão ululante, que clama por justiça na sequência de um escândalo qualquer, um(a) desgraçado(a) alegadamente "poderoso(a)" para ser desfeito(a) em fanicos pela turba.
Depois, de acalmado o frenesim, desmobilizada que esteja a opinião pública, todos os mecanismos que fabricaram o produto que despoletou a indignação popular voltam a continuar, como se nada fosse, até que uma nova crise surja.
A isto chama-se “Realpolitiks”...
Por fim, temos os eleitores portugueses – sim os tugas -, os quais, apesar de a vida ensinar o saber de experiência feito e de o Partido Socialista, em 47 anos de democracia, já ter levado Portugal três (3) vezes à bancarrota, entenderam por bem, nas últimas eleições legislativas do passado dia 30 de janeiro, conferir-lhe 41,37 % dos votos válidos, o que correspondeu a 120 deputados eleitos, ou seja, a uma maioria absoluta na Assembleia da República.
Logo, queixam-se do quê? O Dr. António Costa foi eleito democraticamente e está a pôr em prática o modelo social que os portugueses escolheram em eleições livremente disputadas. Podem invejar (que é tão típico do tuga) o desenvolvimento económico dos restantes parceiros na União Europeia... mas só se podem queixar das suas próprias opções politicas!
Aceitem que dói menos!