CELEBREMOS O MAR, MAS POUQUINHO!

Hoje, dia 16 de novembro, celebra-se o “Dia Nacional do Mar” e eu continuo a questionar-me (até porque sou cartesiano) se o português tem mesmo consciência da sua ligação ao Mar e da forma como para sempre ficará associado, em termos históricos, à Nação dos Descobrimentos Marítimos ou se optamos por continuar a manter uma vergonha mal disfarçada por aquela que foi a nossa História.

Recordo que, ainda em Fevereiro de 2021, houve um Senhor Deputado à Assembleia da República pelo Partido Socialista, de nome Ascenso Simões, que defendeu a demolição do Padrão dos Descobrimentos, o qual classificou como sendo um "mamarracho” e um “monumento do regime ditatorial”. Enfim!

Acontece que desde que o Senhor Dr. António Costa assumiu o cargo de primeiro-ministro, em novembro de 2015, mais quatro países da União Europeia já ultrapassaram Portugal a nível do Produto Interno Bruto (PIB) "per capita" (a Polónia, a Hungria, a Estónia e a Lituânia), ou seja, caímos da 17.ª para a 21.ª posição entre os atuais 27 Estados-Membros.

Bravo!!!

Volvidos que são quarenta e oito (48) anos sobre o 25 de Abril de 74, repetimos sempre "as mesmas políticas" e esperamos que o país cresça e se desenvolva económica e socialmente, mas em termos de média salarial pagamos pouco mais que € 1.000/mês a um médico no início do internato e depois ficamos admirados porque é que emigram e as nossas urgências fecham e as listas de espera do SNS são cada vez longas, mas em contrapartida o governo oferece aos nómadas digitais (estrangeiros) que cá se queiram vir instalar benefícios fiscais, como seja o pagamento de uma taxa de 20% de IRS...

Assim, a mais bem preparada geração portuguesa de sempre vê-se obrigada a emigrar porque Portugal não lhes cria condições de cá permanecerem, em contrapartida atraímos estrangeiros, que nos fazem o favor de virem para cá viver e que se recusam de dizer "uma" que seja em português... c'est incroyable!

Mas, estou a divagar!

O que vem faltando há muito ao nosso País é um propósito nacional, que nos galvanize enquanto Nação!

Logo excertos de textos como este, escrito por mim há já dez (10) anos, continuam, infelizmente, sem ter qualquer significado para além do meramente académico:

“No atual contexto de crise financeira mundial, que no caso particular de Portugal afetou fortemente a economia real, a confiança da sociedade civil, a credibilidade do Estado e a esperança de regresso, ainda que a médio prazo, a uma situação sustentada desenvolvimento económico, têm vindo a difundir-se cada vez mais ideias que, em contraste com uma visão estritamente europeia, têm apontado para o oceano como potencial fonte de riqueza do país, apelando a medidas que preservem a prerrogativa de Portugal na gestão dos recursos naturais existentes no seu território marítimo.

Além disso, através do processo, já em curso, de alargamento da sua Plataforma Continental, Portugal procura passar de uma área marítima de 1.727.408 km2 para uma de cerca de 3.000.000 km2, tornando-a a 11ª maior área marítima do mundo, aumentando a jurisdição portuguesa em 1,3 milhões de km2, ou seja, para 14,9 vezes a área de Portugal Continental.

As potencialidades desta área geográfica são vastas e variadas, começando pelas oportunidades mais óbvias, como o transporte marítimo, a prospeção e extração de recursos geológicos a atividade dos portos (que o Senhor Primeiro-ministro António Costa comprometeu gravemente com a assinatura do recente acordo tripartido com o Presidente Macron e com o Presidente Pedro Sánchez), os cruzeiros de férias, as atividades recreativas e de desportos aquáticos. Mas devemos também chamar a atenção, entre outras coisas, para a conservação da natureza e da biodiversidade, observação de aves e baleias/golfinhos, arqueologia subaquática, aquicultura e recifes artificiais, parques eólicos offshore, energia das ondas, colheita de algas e/ou outros produtos para a indústria farmacêutica e cosmética, passagem e amarração de cabos submarinos e oleodutos, pesquisa científica e tecnológica e biotecnologia. (...)"

José Góis Chilão - 27/11/12