Acho muito curioso que o primeiro-ministro de um pais que tem – até mais ver - como valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) - vulgo salário mínimo - € 705 no Continente; € 740,25 na Região Autónoma dos Açores; e € 723 na Região Autónoma da Madeira tenha dado a entrevista que deu, nos moldes em que deu, à revista “Visão”... mais parecia o primeiro-ministro do Burkina Faso!
Não querendo complicar muito, sempre recordaria que em Espanha o salário mínimo é de € 1.126, em França é de € 1.603, na Alemanha é de € 1.621, na Bélgica é de € 1.658, nos Países Baixos é de € 1.725, na Irlanda é de € 1.775 (país que, curiosamente, teve a intervenção da Troika ao mesmo tempo que a de Portugal), no Luxemburgo é de € 2.257 na Eslovénia é de € 1.074 e por ai vai...
Porém, desde o 25 de Abril, o Partido Socialista já liderou o Governo durante um total de 32 anos. Ora, se se considerar que Portugal tem 48 anos de Democracia (desde 1974 até ao presente), o PS governou o país durante dois terços do período democrático.
Mais, as conjunturas internacionais foram iguais para todos os países, as pandemias de Covid-19 afectaram-nos globalmente (nalguns casos, como Itália e Espanha até bem pior do que a nós), o Brexit atingiu toda a União (não foi só Portugal) ... enfim, Copérnico já nos havia demonstrado, no século XV, que a "tugolândia” não é o Centro do Universo!
Temos uma função pública com cerca de 700k trabalhadores que consome todos os recursos de um Estado já de si depauperado, logo há que lançar uma carga fiscal pesadíssima para manter o “status quo” tendo mais vista não o interesse nacional, mas mais as agendas eleitorais - essa é que é essa-; há impunidade; há nepotismo; o sistema judicial é inoperante; a comunicação social não é minimamente isenta, essa é que é essa!
Mais, sem querer ser xenófobo (até porque eu próprio descendo de emigrantes), o governo atrai estrangeiros, nomeadamente “digital nomads” porque é “trendy”, a quem oferece benefícios fiscais para se radicarem no nosso país, enquanto que a mais bem preparada geração portuguesa de sempre emigra à procura de melhores condições para viver, nomeadamente salariarias... e que não se diga que não sei do que falo, porque todos os meus três (3) filhos já emigraram!
Desde 1974, a República Portuguesa teve seis Governos Provisórios e 22 Governos Constitucionais. Nos 48 anos de regime democrático tivemos quatro primeiros-ministros do Partido Socialista, a saber, o Dr. Mário Soares, o Eng. António Guterres, o Eng. José Sócrates e o Dr. António Costa. Portugal, durante este período foi três (3) vezes à bancarrota e mesmo assim está “na cauda da Europa”.
Se as previsões da União Europeia se confirmarem, em 2024, Portugal será ultrapassado pela Roménia, em termos de PIB per capita. Os resultados dos Censos 2021 mostram que o país está a encolher, a população portuguesa diminuiu 2,1% numa década.
As razões são complexas, mas vão desde o “mito sebástico” há muito enraizado na mentalidade colectiva dos portugueses, há falta de autoconfiança endémica, que deriva numa subserviência irritante a tudo o que é “camone”; o não ser capaz de entender o conceito básico contido nas palavras de Albert Einstein quando este disse que a "insanidade é continuar a fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes", ou seja, andamos há 48 anos a votar nos mesmos partidos que nos atiram para o “fim do pelotão da UE” mas, mesmo assim, no passado dia 30 de janeiro os eleitores voltaram a dar-lhes 2.301.887 votos, a que correspondeu 41,37% dos votos válidos, o que é dizer 120 mandatos, ou seja uma maioria absoluta na Assembleia da República...
Queixam-se agora do quê, pergunto eu?
Concluo, o Secretário-Geral do Partido Socialista (virando a casaca entre o papel de primeiro-ministro e líder partidário como é seu apanágio) na entrevista exclusiva que concedeu à revista "Visão" classifica a Iniciativa Liberal com “Betos que guincham” o que dizer de tal insulto?
Se eu fosse do nível do Senhor Dr. Costa diria que ele é um labrego!
Ora, como não sou, vou ter de me limitar a dizer que o Senhor primeiro-ministro não tem estofo de um verdadeiro Estadista!
É isso... não acho que seja um verdadeiro Estadista!