ADORO A COERÊNCIA DO DISCURSO POLÍTICO PRESIDENCIAL

Se dúvidas houvesse (porque há muito que deixei de as ter) qual o campo ideológico em que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, se situa, bastará para tanto analisar as suas declarações, desta última sexta-feira, dia 17 de fevereiro, quanto à posição ultrajada do Partido Comunista Português sobre a condecoração da Ordem e da Liberdade com que foi agraciado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Acho que o PCP fez aquilo que era esperável”, afirmou o Senhor Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.

O que eu considero absolutamente extraordinário, atendendo que o Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU, cujo Secretário-Geral, (por acaso até é português e seu amigo pessoal de há longa data), o Senhor Eng.º António Guterres) ter divulgado um relatório, no dia 15 de Dezembro de 2022, em que demonstra que, até à data, pelo menos 441 civis foram mortos em apenas três regiões da Ucrânia, nas duas primeiras semanas da invasão pelas tropas da Federação Russa.

De acordo com este relatório, 341 homens, 72 mulheres, 20 meninos e oito meninas, foram mortos em 102 cidades nas regiões de Kiev, Chernihiv e Sumy. O documento foi divulgado pelo Alto-Comissário das Nações Unidas, Senhor Volker Türk.

Segundo este responsável dos Direitos Humanos das Nações Unidas, é possível que tenham ocorrido crimes de guerra. "Os números reais provavelmente serão ainda maiores e estamos ainda a trabalhar para reunir provas em outros 198 casos de assassinatos suspeitos nessas regiões", disse. "Há fortes indícios de que as execuções sumárias documentadas no relatório possam constituir crimes de guerra de homicídio intencional", acrescentou na altura na conferência de imprensa.

Contudo, para o Presidente da República portuguesa, que até foi Professor Catedrático na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tudo o que possa fazer perigar a estabilidade política interna é “crime de lesa-majestade”.

Logo, que importa agora se o Partido Comunista Português até defende países que violam à “força toda” as Convenções Internacionais, nomeadamente a Convenção de Genebra e a Carta das Nações Unidas, só para citar duas... tudo isso faz parte do salutar debate político interno.

É só “extraordinário”, para não ter de dizer outra coisa!

Já o Senhor Prof. Doutor André Ventura, esse não (!), entende o Chefe de Estado português, porque esse tratar-se de um “perigoso radical” (?) que urge travar...

Post Scriptum: Mas, condecorar empresários que “” devem dois (2) milhões de euros ao Fisco, quem não?

Errare humanum est, perseverare autem diabolicum”.