A imprensa dá conta que 6 (seis) universidades portuguesas foram incluídas entre as mil melhores do mundo no Ranking de Shangai, um dos de maior prestígio, publicado hoje, com Harvard University a liderar a lista e em que as 15 (quinze) primeiras posições são ocupadas pelos Estados Unidos da América, execptuando o 4º lugar com a University of Cambridge (UK) e o 7º lugar com a University of Oxford (UK).
O Ranking de Shangai tem em conta seis critérios, a saber, inclui o número de laureados com o Nobel ou com o Fields – o Nobel da Matemática – entre estudantes e professores de pós-graduação, o número de investigadores mais citados nas respectivas especialidades, nomeadamente quanto ao número de publicações em revistas como a “Science and Nature”.
Só este ano, de 2022, mais de 2.500 instituições de ensino superior foram avaliadas por forma a ser estabelecida esta classificação
A Universidade de Lisboa e a Universidade do Porto surgem entre as 201.ª e 300.ª melhores do mundo, o que é fantástico e é também um motivo de orgulho nacional!
Pena que os parabéns não se possam estender a todas as Universidades portuguesas...
Curiosamente quando eu iniciei o meu doutoramento, em outubro de 2010, a NOVA, a minha Universidade estava classificada em 340º a nível mundial. Hoje a Universidade NOVA de Lisboa e a Universidade de Coimbra surgem numa posição bem mais modesta... entre o 500.º e o 600.º.
Obviamente que existem bolsas de excelência na restante Academia portuguesa, sobretudo nas áreas da investigação, com um enorme prestígio granjeado junto das congéneres estrangeiras, as quais geralmente dispõe de recursos infinitamente superiores. Bem hajam os nossos investigadores!
Contudo, salvo melhor opinião, as saídas de uma forma geral para um(a) doutorado(a) em Portugal continuam a ser muitíssimo escassas. Quase todos acabam ou na docência ou na investigação. Só 8% encontram emprego no sector privado... facto que eu acho absolutamente extraordinário!
Só mesmo neste país.
Aliás, quem passa pelo "calvário" de tirar um Ph.D. raramente obtém o reconhecimento em termos de um correspondente aumento salarial no sector privado (eu não tenho conhecimento de nenhum caso). Não só não se valoriza, como o país desdenha, como é tão típico das mentalidades mesquinhas, a nossa produção científica. "O que é estrangeiro é que é bom"...
De acordo com os resultados do último inquérito realizado pela DGEEC, Portugal tem um ratio de 75 doutorados por 10.000 habitantes na população activa e os poucos que temos não os aproveitamos; tanto assim é que muitos acabam a ir trabalhar para o estrangeiro, onde lhes dão as tais condições necessárias a prosseguir com sucesso as suas investigações.
Neste país é mais conhecido (e considerado) em termos sociais "um craque" de futebol, do que um docente ou um cientista... e isso é só confrangedor!
Last but surely not the least, em Portugal, no meio académico, há ainda aqueles que cultivam (felizmente que uma pequena minoria) uma desconfiança tóxica, baseada em laços de "vassalagem” arcaica, mas muito bem definida, que mais faz lembrar a idade-média.
Esta postura vem do facto de que, para estas poucas "luminárias", existe a crença que se é um ser especial, diferente dos demais, o que facilmente induz a pensar que o exercício da docência depende de um dom, de uma iluminação ou mesmo de certa característica inata, o que constrói uma ponte directa entre ação e a normatização, entre realidade e transcendência... e quando assim é não se dá primazia à "meritocracia”... muito pelo contrário e os resultados, esses, estão á vista de todos!
Continue-se, pois, a cantar despreocupadamente:
“A Mulher gorda, para mim não me convém, eu não quero andar na rua, com as banhas de ninguém.”